Mudando

Sim, estou mudando de casa, de bairro, de cidade.
Um lembrete Zen Budista de que tudo muda. Tudo passa.
O pior dos males, a maior das benesses. Tudo muda.
Isto também passará.
E às vezes temos que nos lembrar, diante de problemas insolúveis, que mudaremos, e o problema também, e eventualmente tudo se resolve, mesmo que não queiramos.
Por isso permita-se aproveitar o momento e deixe a mudança acontecer.

ERRATA: Fui informado que o poema abaixo não é de Clarice Lispector. O autor publicou uma série de argumentos no blog e então retifico aqui a informação: o autor é Edson Marques, do blog http://mude.blogspot.com/



 Mude,

mas comece devagar,
porque a direção é mais importante que a velocidade.

Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa.
Mais tarde, mude de mesa.

Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua.
Depois, mude de caminho,
ande por outras ruas, calmamente,
observando com atenção os lugares por onde você passa.

Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas.
Dê os Seus sapatos velhos.
Procure andar descalço alguns dias.

Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia,
ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.

Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda.

Durma no outro lado da cama...
depois, procure dormir em outras camas.

Assista a outros programas de TV,
compre outros jornais...
leia outros livros,
Viva outros romances.

Não faça do hábito um estilo de vida.
Ame a novidade.
Durma mais tarde.
Durma mais cedo.

Aprenda uma palavra nova por dia
numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos,
escolha comidas diferentes,
novos temperos, novas cores,
novas delícias.

Tente o novo todo dia.
o novo lado,
o novo método,
o novo sabor,
o novo jeito,
o novo prazer,
o novo amor.
a nova vida.

Tente.
Busque novos amigos.
Tente novos amores.
Faça novas relações.

Almoce em outros locais,
vá a outros restaurantes,
tome outro tipo de bebida
compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo,
jante mais tarde ou vice-versa.

Escolha outro mercado...
outra marca de sabonete,
outro creme dental...
tome banho em novos horários.

Use canetas de outras cores.
Vá passear em outros lugares.
Ame muito,
cada vez mais,
de modos diferentes.

Troque de bolsa,
de carteira,
de malas,
troque de carro,
compre novos óculos,
escreva outras poesias.

Jogue os velhos relógios,
quebre delicadamente esses horrorosos despertadores.

Abra conta em outro banco.
Vá a outros cinemas,
outros cabeleireiros,
outros teatros,
visite novos museus.

Mude.

Lembre-se de que a Vida é uma só.
E pense seriamente em arrumar um outro emprego,
uma nova ocupação,
um trabalho mais light,
mais prazeroso,
mais digno,
mais humano.

Se você não encontrar razões para ser livre,
invente-as.
Seja criativo.

E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa,
longa, se possível sem destino.

Experimente coisas novas.
Troque novamente.
Mude, de novo.
Experimente outra vez.

Você certamente conhecerá coisas melhores
e coisas piores do que as já conhecidas,
mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança,
o movimento,
o dinamismo,
a energia.
Só o que está morto não muda !

Repito por pura alegria de viver:
a salvação é pelo risco, sem o qual a vida não vale a pena!!!!
a salvação é pelo risco, sem o qual a vida não vale a pena!!!!

Clarice Lispector

Comentários

Debora disse…
♬ Mas a poupança Bamerindus continua numa boa! ♬
Espero... :)
E que de permanente, em sua vida, seja tão somente a mudança.
Ótima semana procê!
Bjous
Obrigado Debora por lembrar que existiram duas coisas como Caderneta de Poupança e um Banco Bamerindus. Meia-idade é uma m...
Obrigado por lembrar Jou Jou.

O sofrimento vem do apego. Gostamos de algo e queremos que não mude.
Aí mora o perigo.

Bjs
Anônimo disse…
Mas como tudo na vida é uma constante mudança,você conseguirá adaptar-se muito bem. Lembranças ficarão em sua memória, como algo que passou e que foi muito importante para você..

Boa sorte.. beijos.. Christiane Roberts
Obrigado Chris. Muitos beijos.

PS:E o Alzheimer? e se nada ficar na memória? rsrsrs
Anônimo disse…
Well, na sua idade este tipo de Alzheimer chama-se bloqueio de memória(aquele conveniente para algumas situações)... após os 60 aí não garanto nada... rsrsrs Super beijos... Força aí em so!

Chris Roberts
Edson Marques disse…
O último verso do meu poema é "Só o que está morto não muda".


Não se se o final é de Clarice LIspector, mas peço que desligue uma coisa da outra.

Abraços,

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