Blog desconectado


Uma amiga que curtiu o Animal Mineral e Pessoal faz um tempinho, refletiu muito se escreveria um blog. Depois me enviou uma postagem, para que eu a pudesse colocar "no ar". O texto dela ficou no meu Notebook em alguma pasta de download, que demorei meses para fazer uma organização. Então, atrasada, aqui está. 

"MR:
Em um daqueles muitos momentos de procrastinação, em que a mesa está cheia de trabalho, mas a vontade  dispersa, deixo-me levar  pela corrente internética, que começa pelas redes sociais, segue pela curiosidade de saber mais de um ou de outro, de ver o que estão dizendo ou ouvindo por aí, caio em links e blogs conhecidos e desconhecidos. Há os temáticos que às vezes visito, como os de sustentabilidade, vida simples, educação infantil, mulheres enroladas com finanças,  etc., que compõe alguns de meus interesses do universo cotidiano, há os pessoais, como agora o seu “Animal, mineral e pessoal”.
Acabo fuçando seus escritos, me surpreendo com algumas coisas identifico-me com outras, divirto-me.
Então começo a lembrar de meus escritos, espalhados em cadernos já empacotados, agendas antigas ou pastas  arquivadas no computador. Tenho minhas fases de escrever. Às vezes com cara de diário, às vezes em processos catárticos nas intensas crises existenciais,  outras na ânsia de registrar fatos preciosos como passagens curiosas dos filhos que crescem e nos encantam sempre. Fico meses sem escrever, de repente acho interlocutores diferentes, entro em ondas de correspondência que às vezes duram, às vezes passam.
Lendo os escritos alheios postados para quem quiser, fiquei pensando nessa prática da escrita reflexiva, da conversa com nosso umbigo, na vontade de dar conta de registrar as pequenas emoções cotidianas que nos constroem, de compartilhar, de escutar. Penso em coisas que escreveria, como fazem algumas amigas em seu murais no Facebook, que compartilham da TPM ao sucesso profissional, da receita para o almoço a uma lembrança da infância. É curioso. Tem um lado que me atrai outro que me retrai, pois me assusto um pouc o com a mania de escrever a todo o momento em twiters e coisas tais.
Se eu não tivesse meus pudores profissionais, a convicção de que devo me expor o menos possível para não cair na curiosidade dos meus pacientes psis ou alunos espalhados pela educação (mesmo sabendo que sem querer vão me expondo, aparecem fotos não postadas por mim, informações...), acho que teria coisas a compartilhar sim. Desse jeito, assim “pensamentos aleatórios” que nos invadem no dia a dia...
Nesta semana teria falado da jabuticabeira produzindo como nunca em meu quintal, associando a poemas sobre a primavera; da convivência com os meninos no sábado em que fomos a uma exposição muito legal (Já fica a dica: Do dinamarquês Olafur Eliassom, que faz parte da mostra de arte contemporânea espalhada no sesc pompeia, Belenzinho e pinacoteca) e acabamos caminhando por uma hora até chegar em casa, conversando, nos curtindo um pouco em um gostoso momento de trégua do stress cotidiano ;ou até mesmo postado um comentário revoltado sobre os desmandos a que somos submetidos quando inseridos na educação publica e suas politicas (além de psicanalista, sou formadora de educadores de educação infantil e entre outras coisas estou em um projeto no interior de São Paulo, uma parceria entre ong, prefeitura e iniciativa privada e de vez em quando surgem pedras no caminho). Enfim, vivemos coisas que poderia contar no mural das redes...
Ou até em um blog ou coisa parecida. O que escreveria? Poderia ser um blog temático, tanto profissional quanto pessoal, que como assunto poderia eleger o universo dos bebes e da educação infantil (algo que urge sistematizar) ou as agruras contraditórias de uma mãe de pré adolescentes em tempo de consumismo e urgência de transmissão de valores. Ou quem sabe compartilhar os diferentes momentos reflexivos que já duram três anos do ciclo montanha-russa que é o processo interminável de uma separação conjugal, mesmo quando as coisas vão bem; ou ainda dos rituais domésticos de quem vive em uma casa, anda de bicicleta e curte a horta e o jardim.
Muito louco tudo isso, engraçado começar a escrever e quando vejo, é para alguém que mal conheço. Mas como disse, com o qual tive links de identificação e empatia nos momentos quase ‘voayerista’ em que naveguei no seu blog: os arroubos de amores pelos filhos mesmo quando os chamamos de chatões; o cansaço do ritmo da vida contemporânea e suas pressões; o gosto em fazer feira apreciando cheiros e cores; a pausa para lubrificar a bicicleta; o interesse pela musica; as ‘filosofadas’ sobre o tempo, a alma e o plano espiritual; etc..
E assim segue a vida como tem sido, com brechas para lembrarmos de registrar coisas simples e fazer algumas escolhas nessa multiplicidade desvairada de opções que vão se apresentando nesse mundo louco que você lembrou bem quando disse que “Estamos presenciando a aceleração da humanidade para a insanidade total. Se tivéssemos mais calma e lembrássemos do ciclo da Terra, da velocidade com que se forma um diamante, estaríamos melhor.
Paro por aqui, apesar da vontade de mexer na terra e lapidar diamantes, preciso dar conta de agendas, relatórios, planejamentos  e estudos...trabalho!
Um beijo, bom resto de semana curta.
Teca

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